sábado, 27 de junho de 2009

MINAS E SEUS SANTOS

Poucos estados no Brasil tiveram tanto a participação da Igreja Católica moldando sua vida social e cultural como Minas Gerais. Seus seminários formaram um povo intelectualizado, talhado pelo humanismo do latim lastreado em sua literatura, sua política e em sua vocação religiosa. Suas igrejas abrigaram corais e deram uma musicalidade impar ao mineiro. Reflexo disso é que Minas é o estado que mais tem candidatos a santos em todo o Brasil. Hoje, tramitam 19 processos de beatificação de seus santos no Vaticano, homens e mulheres que aqui nasceram ou que aqui viveram, como são os casos de Padre Eustáquio, Irmã Maria Beata e Dom Viçoso. Vale lembrar que a Igreja considera como lugar de nascimento dos santos, o lugar em que morreram, ou seja, o lugar em que nasceram para a vida eterna.
A Igreja Católica é a fé renovada dos santos. Sem seus santos ela seria mais divina e menos humana. É com a glória dos santos que ela se renova nos corações dos fiéis, que se aproxima da família humana universal, que realiza a sua profissão de fé diária.Hoje, humildemente, estamos empenhados em estudar, divulgar, preservar e anunciar a vida e obra dos santos mineiros e brasileiros, levar além fronteiras o exemplo de retidão e resignação, largo e prenhe dos mais profundos e verdadeiros desígnios de Deus. É, sobretudo, um trabalho de devoção, de entrega, movido pela eterna busca daquilo que nos falta. Um tempo para se elevar e sonhar, comungar com o que está acima de nós.Alicerçada nesses valores, Minas fundou a sua Academia Mineira de Hagiologia, a segunda do Brasil e a segunda do mundo. Hagiologia vem de hágios, do grego, ou seja, estudo dos santos. A primeira é a Academia Brasileira de Hagiologia, fundada no Ceará, em fevereiro de 2005, realização de seu presidente, o advogado José Luiz Lira, o mesmo que incentivou a criação da Academia Mineira. Compõe a diretoria da Academia Mineira de Hagiologia, AMHAGI, o Presidente de Honra, Dom Serafim Fernandes de Araújo, o Chanceler Dom Walmor Oliveira de Azevedo, o seu Presidente padre Ismar Dias de Matos, o Vice-Presidente professor Herbert Sardinha Pinto e o Secretário-Geral, escritor Petrônio Souza Gonçalves. Com 26 membros, a Academia é composta ainda por magistrados, jornalistas, professores, freiras e uma infinidade de cristãos que dedicam seu tempo à causa da vida dos santos, os candidatos ao altar.
Por obra deles, assim creio, ou de sua padroeira, Nossa Senhora da Piedade, a AMHAGI recebeu, no dia de sua instalação, a doação direta de Dom Walmor de sua sede, dentro do Santuário da Serra da Piedade. Aos poucos, com trabalho hercúleo de seus membros, a AMHAGI vai se estruturando, tomando forma, criando um cantinho para os santos mineiros, uma casa modesta para as coisas daqueles que fizeram morada dentro dos corações brasileiros. A Academia não se destina a desfile de vaidades vis ou ao culto pueril à intelectualidade, ao transitório, isso seria incompatível, um equívoco em sua origem e a sua natural vocação. Ela é, sobretudo, dos santos e das suas causas, sempre aberta para aqueles que os buscam e querem saber mais sobre eles e seus legados além do tempo e espaço.Como primeiro contato, a AMHAGI está com um blog no ar: www.hagiologiaminas.blogspot.com.
Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor

OS SANTOS E OS MILAGRES

Na comunidade dos santos ou das pessoas que se esmeram em viver no cumprimento integral do mandamento do amor para com Deus e para com opróximo, os milagres não se constituem nos objetivos maiores da vida. O mais importante é vida virtuosa, testemunhada na simplicidade do dia-a-dia de aparência corriqueira, situação que não desperta curiosidade de ninguém eque melhor manifesta o amor das pessoas que vivem no tempo, visando à plenitude da eternidade.
"Fazer milagre" ou agir de maneira fora do comum em termos de produtividade, mesmo que em benefício direto do próximo e para a glória de Deus, embora causem admiração e respeito, são de importância secundária em termos de virtude. Milagres ou ações acima da natureza normal, em geral ocorrem ocasionalmente e de maneira esparsa e não se realizam segundo a vontade humana.
A vida, a natureza e bom senso comprovam que oextraordinário que se manifesta acima ou além do que é normal na natureza éuma realidade ou fato que raramente acontece. A ordem dos acontecimentos normais do acontece no universo manifesta a sabedoria do Criador de cuja vontade procede o próprio ordenamento do mundo.
O grande milagre na vida dos santos é sua contínua dedicação à tarefa assumida de se tornarem melhores e mais dispostos a agir como Jesus Cristo, dedicado ao cumprimento da vontade do Pai, sempre a serviço do próximo, em especial do excluído, do necessitado, do anônimo. A igreja e o milagre
A própria Igreja valoriza a simplicidade de vida de seus filhos e o significado de seu cotidiano na vivência extraordinária do bem fazer as ações ordinárias. Segundo Monsenhor Michele de Ruberto, Subsecretário da Congregação para as Causas dos Santos, ela sabe e proclama que somente Deus realiza milagres, pois eles são sinais da revelação, destinados a glorificar a Deus, a suscitar e reforçar nossa fé. "
Fenômenos que a ciência, a fé e o senso comum têm por inexplicáveis e são considerados miraculosos, porque superam positivamente o curso normal do desenvolvimento da vida ou por solucionarem, de forma admirável, situações difíceis que pelos recursos disponíveis da ciência superam o poder das criaturas, devem ser considerados como obras de Deus.
Nesse sentido, a Igreja continua exigindo comprovações de milagres atribuídos à intercessão de candidatos à beatificação e à canonização não para valorizar o dom dos milagres, mas – ainda conforme o mesmo prelado -apenas para outorgar, com segurança, a concessão do culto.
Na realidade, para santificar-se e testemunhar sua adoração a Deus e sua dedicação ao próximo ninguém precisa receber de Deus o dom especial de intermediar ou agir de maneira extraordinária. Porém, para santificar-se, toda pessoa deve amar a Deus e, por seu exemplo de vida virtuosa pessoal, atestar sua fidelidade a Deus e ao próximo.
Por si mesmos tanto os dons como os carismas não devem ser considerados nem evocados como condições que asseguram a santidade das pessoas. Jesus não ordenou que seus apóstolos e discípulos fizessem milagres. Ordenou-lhes que amassem a Deus sobre todas as coisas e se amassem mutuamente como Deus amou Jesus Cristo e O enviou ao mundo para efetuar a Salvação de toda a humanidade e revelar o Pai.
A prudência da Igreja
A Igreja Católica, ao cuidar das declarações de beatificação e canonização, age levada pela prudência e não para esperar que enquanto se desenvolvem as diversas etapas dos processos, haja maior ampliação do tempo e aumento de oportunidades para que se sucedam fatos extraordinários que a legislação canônica exige.
A seriedade que caracteriza as ações da Igreja impede que as autoridades eclesiásticas e a própria comunidade dos fiéis cheguem a admitir e a atestar como de origem divina, atributos pessoais e ações que poderiam explicar-se mais na simpatia do que nos testemunhos objetivos da vida virtuosa dos candidatos à beatificação ou à canonização.
Segundo o Cardeal José Saraiva Martins, habituado a analisar a vida dos candidatos à beatificação e à canonização e as relações existentes entre eles e as diversas culturas e tempos, " os santos são como faróis; eles indicaram aos homens as possibilidades de que o ser humano dispõe. Por isso, eles são de interesse também sob o ponto de vista cultural, independentemente da abordagem cultural, religiosa e de estudo com que nosaproximemos deles."

José Vicente de Andrade: Associado-fundador da AMHAGI, Jornalista, escritor e biógrafo do Beato Padre Eustáquio.

sexta-feira, 13 de março de 2009

REVISTA DE HAGIOLGIA

A Academia Mineira de Hagiologia deverá lançar ainda neste primeiro semestre o primeiro número de sua revista HAGIOLOGIA, que terá dois números por ano: julho e dezembro. Aguardem.