Poucos estados no Brasil tiveram tanto a participação da Igreja Católica moldando sua vida social e cultural como Minas Gerais. Seus seminários formaram um povo intelectualizado, talhado pelo humanismo do latim lastreado em sua literatura, sua política e em sua vocação religiosa. Suas igrejas abrigaram corais e deram uma musicalidade impar ao mineiro. Reflexo disso é que Minas é o estado que mais tem candidatos a santos em todo o Brasil. Hoje, tramitam 19 processos de beatificação de seus santos no Vaticano, homens e mulheres que aqui nasceram ou que aqui viveram, como são os casos de Padre Eustáquio, Irmã Maria Beata e Dom Viçoso. Vale lembrar que a Igreja considera como lugar de nascimento dos santos, o lugar em que morreram, ou seja, o lugar em que nasceram para a vida eterna.
A Igreja Católica é a fé renovada dos santos. Sem seus santos ela seria mais divina e menos humana. É com a glória dos santos que ela se renova nos corações dos fiéis, que se aproxima da família humana universal, que realiza a sua profissão de fé diária.Hoje, humildemente, estamos empenhados em estudar, divulgar, preservar e anunciar a vida e obra dos santos mineiros e brasileiros, levar além fronteiras o exemplo de retidão e resignação, largo e prenhe dos mais profundos e verdadeiros desígnios de Deus. É, sobretudo, um trabalho de devoção, de entrega, movido pela eterna busca daquilo que nos falta. Um tempo para se elevar e sonhar, comungar com o que está acima de nós.Alicerçada nesses valores, Minas fundou a sua Academia Mineira de Hagiologia, a segunda do Brasil e a segunda do mundo. Hagiologia vem de hágios, do grego, ou seja, estudo dos santos. A primeira é a Academia Brasileira de Hagiologia, fundada no Ceará, em fevereiro de 2005, realização de seu presidente, o advogado José Luiz Lira, o mesmo que incentivou a criação da Academia Mineira. Compõe a diretoria da Academia Mineira de Hagiologia, AMHAGI, o Presidente de Honra, Dom Serafim Fernandes de Araújo, o Chanceler Dom Walmor Oliveira de Azevedo, o seu Presidente padre Ismar Dias de Matos, o Vice-Presidente professor Herbert Sardinha Pinto e o Secretário-Geral, escritor Petrônio Souza Gonçalves. Com 26 membros, a Academia é composta ainda por magistrados, jornalistas, professores, freiras e uma infinidade de cristãos que dedicam seu tempo à causa da vida dos santos, os candidatos ao altar.
Por obra deles, assim creio, ou de sua padroeira, Nossa Senhora da Piedade, a AMHAGI recebeu, no dia de sua instalação, a doação direta de Dom Walmor de sua sede, dentro do Santuário da Serra da Piedade. Aos poucos, com trabalho hercúleo de seus membros, a AMHAGI vai se estruturando, tomando forma, criando um cantinho para os santos mineiros, uma casa modesta para as coisas daqueles que fizeram morada dentro dos corações brasileiros. A Academia não se destina a desfile de vaidades vis ou ao culto pueril à intelectualidade, ao transitório, isso seria incompatível, um equívoco em sua origem e a sua natural vocação. Ela é, sobretudo, dos santos e das suas causas, sempre aberta para aqueles que os buscam e querem saber mais sobre eles e seus legados além do tempo e espaço.Como primeiro contato, a AMHAGI está com um blog no ar: www.hagiologiaminas.blogspot.com.
Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor
sábado, 27 de junho de 2009
OS SANTOS E OS MILAGRES
Na comunidade dos santos ou das pessoas que se esmeram em viver no cumprimento integral do mandamento do amor para com Deus e para com opróximo, os milagres não se constituem nos objetivos maiores da vida. O mais importante é vida virtuosa, testemunhada na simplicidade do dia-a-dia de aparência corriqueira, situação que não desperta curiosidade de ninguém eque melhor manifesta o amor das pessoas que vivem no tempo, visando à plenitude da eternidade.
"Fazer milagre" ou agir de maneira fora do comum em termos de produtividade, mesmo que em benefício direto do próximo e para a glória de Deus, embora causem admiração e respeito, são de importância secundária em termos de virtude. Milagres ou ações acima da natureza normal, em geral ocorrem ocasionalmente e de maneira esparsa e não se realizam segundo a vontade humana.
A vida, a natureza e bom senso comprovam que oextraordinário que se manifesta acima ou além do que é normal na natureza éuma realidade ou fato que raramente acontece. A ordem dos acontecimentos normais do acontece no universo manifesta a sabedoria do Criador de cuja vontade procede o próprio ordenamento do mundo.
O grande milagre na vida dos santos é sua contínua dedicação à tarefa assumida de se tornarem melhores e mais dispostos a agir como Jesus Cristo, dedicado ao cumprimento da vontade do Pai, sempre a serviço do próximo, em especial do excluído, do necessitado, do anônimo. A igreja e o milagre
A própria Igreja valoriza a simplicidade de vida de seus filhos e o significado de seu cotidiano na vivência extraordinária do bem fazer as ações ordinárias. Segundo Monsenhor Michele de Ruberto, Subsecretário da Congregação para as Causas dos Santos, ela sabe e proclama que somente Deus realiza milagres, pois eles são sinais da revelação, destinados a glorificar a Deus, a suscitar e reforçar nossa fé. "
Fenômenos que a ciência, a fé e o senso comum têm por inexplicáveis e são considerados miraculosos, porque superam positivamente o curso normal do desenvolvimento da vida ou por solucionarem, de forma admirável, situações difíceis que pelos recursos disponíveis da ciência superam o poder das criaturas, devem ser considerados como obras de Deus.
Nesse sentido, a Igreja continua exigindo comprovações de milagres atribuídos à intercessão de candidatos à beatificação e à canonização não para valorizar o dom dos milagres, mas – ainda conforme o mesmo prelado -apenas para outorgar, com segurança, a concessão do culto.
Na realidade, para santificar-se e testemunhar sua adoração a Deus e sua dedicação ao próximo ninguém precisa receber de Deus o dom especial de intermediar ou agir de maneira extraordinária. Porém, para santificar-se, toda pessoa deve amar a Deus e, por seu exemplo de vida virtuosa pessoal, atestar sua fidelidade a Deus e ao próximo.
Por si mesmos tanto os dons como os carismas não devem ser considerados nem evocados como condições que asseguram a santidade das pessoas. Jesus não ordenou que seus apóstolos e discípulos fizessem milagres. Ordenou-lhes que amassem a Deus sobre todas as coisas e se amassem mutuamente como Deus amou Jesus Cristo e O enviou ao mundo para efetuar a Salvação de toda a humanidade e revelar o Pai.
A prudência da Igreja
A Igreja Católica, ao cuidar das declarações de beatificação e canonização, age levada pela prudência e não para esperar que enquanto se desenvolvem as diversas etapas dos processos, haja maior ampliação do tempo e aumento de oportunidades para que se sucedam fatos extraordinários que a legislação canônica exige.
A seriedade que caracteriza as ações da Igreja impede que as autoridades eclesiásticas e a própria comunidade dos fiéis cheguem a admitir e a atestar como de origem divina, atributos pessoais e ações que poderiam explicar-se mais na simpatia do que nos testemunhos objetivos da vida virtuosa dos candidatos à beatificação ou à canonização.
Segundo o Cardeal José Saraiva Martins, habituado a analisar a vida dos candidatos à beatificação e à canonização e as relações existentes entre eles e as diversas culturas e tempos, " os santos são como faróis; eles indicaram aos homens as possibilidades de que o ser humano dispõe. Por isso, eles são de interesse também sob o ponto de vista cultural, independentemente da abordagem cultural, religiosa e de estudo com que nosaproximemos deles."
José Vicente de Andrade: Associado-fundador da AMHAGI, Jornalista, escritor e biógrafo do Beato Padre Eustáquio.
"Fazer milagre" ou agir de maneira fora do comum em termos de produtividade, mesmo que em benefício direto do próximo e para a glória de Deus, embora causem admiração e respeito, são de importância secundária em termos de virtude. Milagres ou ações acima da natureza normal, em geral ocorrem ocasionalmente e de maneira esparsa e não se realizam segundo a vontade humana.
A vida, a natureza e bom senso comprovam que oextraordinário que se manifesta acima ou além do que é normal na natureza éuma realidade ou fato que raramente acontece. A ordem dos acontecimentos normais do acontece no universo manifesta a sabedoria do Criador de cuja vontade procede o próprio ordenamento do mundo.
O grande milagre na vida dos santos é sua contínua dedicação à tarefa assumida de se tornarem melhores e mais dispostos a agir como Jesus Cristo, dedicado ao cumprimento da vontade do Pai, sempre a serviço do próximo, em especial do excluído, do necessitado, do anônimo. A igreja e o milagre
A própria Igreja valoriza a simplicidade de vida de seus filhos e o significado de seu cotidiano na vivência extraordinária do bem fazer as ações ordinárias. Segundo Monsenhor Michele de Ruberto, Subsecretário da Congregação para as Causas dos Santos, ela sabe e proclama que somente Deus realiza milagres, pois eles são sinais da revelação, destinados a glorificar a Deus, a suscitar e reforçar nossa fé. "
Fenômenos que a ciência, a fé e o senso comum têm por inexplicáveis e são considerados miraculosos, porque superam positivamente o curso normal do desenvolvimento da vida ou por solucionarem, de forma admirável, situações difíceis que pelos recursos disponíveis da ciência superam o poder das criaturas, devem ser considerados como obras de Deus.
Nesse sentido, a Igreja continua exigindo comprovações de milagres atribuídos à intercessão de candidatos à beatificação e à canonização não para valorizar o dom dos milagres, mas – ainda conforme o mesmo prelado -apenas para outorgar, com segurança, a concessão do culto.
Na realidade, para santificar-se e testemunhar sua adoração a Deus e sua dedicação ao próximo ninguém precisa receber de Deus o dom especial de intermediar ou agir de maneira extraordinária. Porém, para santificar-se, toda pessoa deve amar a Deus e, por seu exemplo de vida virtuosa pessoal, atestar sua fidelidade a Deus e ao próximo.
Por si mesmos tanto os dons como os carismas não devem ser considerados nem evocados como condições que asseguram a santidade das pessoas. Jesus não ordenou que seus apóstolos e discípulos fizessem milagres. Ordenou-lhes que amassem a Deus sobre todas as coisas e se amassem mutuamente como Deus amou Jesus Cristo e O enviou ao mundo para efetuar a Salvação de toda a humanidade e revelar o Pai.
A prudência da Igreja
A Igreja Católica, ao cuidar das declarações de beatificação e canonização, age levada pela prudência e não para esperar que enquanto se desenvolvem as diversas etapas dos processos, haja maior ampliação do tempo e aumento de oportunidades para que se sucedam fatos extraordinários que a legislação canônica exige.
A seriedade que caracteriza as ações da Igreja impede que as autoridades eclesiásticas e a própria comunidade dos fiéis cheguem a admitir e a atestar como de origem divina, atributos pessoais e ações que poderiam explicar-se mais na simpatia do que nos testemunhos objetivos da vida virtuosa dos candidatos à beatificação ou à canonização.
Segundo o Cardeal José Saraiva Martins, habituado a analisar a vida dos candidatos à beatificação e à canonização e as relações existentes entre eles e as diversas culturas e tempos, " os santos são como faróis; eles indicaram aos homens as possibilidades de que o ser humano dispõe. Por isso, eles são de interesse também sob o ponto de vista cultural, independentemente da abordagem cultural, religiosa e de estudo com que nosaproximemos deles."
José Vicente de Andrade: Associado-fundador da AMHAGI, Jornalista, escritor e biógrafo do Beato Padre Eustáquio.
sexta-feira, 13 de março de 2009
REVISTA DE HAGIOLGIA
A Academia Mineira de Hagiologia deverá lançar ainda neste primeiro semestre o primeiro número de sua revista HAGIOLOGIA, que terá dois números por ano: julho e dezembro. Aguardem.
domingo, 21 de dezembro de 2008
INSTALAÇÃO DA ACADEMIA MINEIRA DE HAGIOLOGIA
O dia 20/12/2008 ficará marcado na história cultural de Belo Horizonte e de Minas Gerais, pois marca a instalação da Academia Mineira de Hagiologia - AMHAGI. O evento contou com a participação de 22 associados-fundadores e convidados. Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte e Chanceler da AMHAGI, esteve presente e participação da condução da solenidade.
A finalidade da AMHAGI é congregar estudiosos, escritores, intelectuais, estudantes, professores, sacerdotes, religiosos e religiosas e profissionais de diversas áreas que se dediquem ao estudo da vida dos santos e de candidatos à honra dos altares e ao estudo de movimentos messiânicos e das coisas consideradas santas ou sagradas.
A finalidade da AMHAGI é congregar estudiosos, escritores, intelectuais, estudantes, professores, sacerdotes, religiosos e religiosas e profissionais de diversas áreas que se dediquem ao estudo da vida dos santos e de candidatos à honra dos altares e ao estudo de movimentos messiânicos e das coisas consideradas santas ou sagradas.
Uma academia dedicada aos santos servirá, na verdade, a nós mesmos, não para o desfile de vaidades intelectuais, mas como lugar para aprendermos o caminho que nos leva “Àquele que é fonte de toda a santidade”, como nos ensina a Liturgia.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
O Natal nasce dentro de nós!
Olavo Romano é uma das grandes personagens da cultura popular do nosso Estado. Pesquisador e folclorista, tem como hábito sair pelo interior de Minas garimpando as maravilhas perdidas do nosso povo, os versos esquecidos, o manancial verterdor de toda mineirice mineral da brasilidade.
Passava a Semana Santa pelo antigo Caminho do Ouro, chegando até a pequena São Gonçalo do Rio das Pedras, rio por onde escoou o diamante da nossa história. Bem-aventurado, conheceu a casa de Dona Geralda, onde havia um lindo presépio montado em plena Semana Santa. Espantou-se com o fato pois, pela tradição, os presépios ficam montados até o Dia de Reis - 6 de janeiro - e depois são recolhidos. Mas, como tudo que é diferente encanta, Olavo está encantado até hoje.
Dona Geralda explicava ao Olavo o porquê da exposição temporã do presépio. Com simplicidade crística contava que estava atendendo ao pedido de uma freira que passara por ali antes, e maravilhada com o presépio da casa de Dona Geralda, pediu a ela que o mantivesse exposto até julho, pois ela iria trazer seus sobrinhos de São Paulo para conhecer aquela maravilha guardada pelas serras de Minas.
O presépio começou a ser montado por Dona Geralda no cantinho do quarto dela. Como ficou muito bonito, ela foi recebendo outros agrados para o Menino Jesus e ali colocando as oferendas. Um, trazia um ovo de inhambu, outro, uma barba-de-pau, uma raiz em forma de cruz e ali ela foi intuitivamente ornamentado, construindo uma beleza de presépio. Com o passar do tempo, o presépio foi crescendo e tomou a metade do quarto dela. Olavo, vendo aquilo, comentou:
- Dona Geralda, se neste ano o presépio ocupou a metade do quarto da Senhora, ano que vem ele vai ocupar o quarto inteiro!...
Ela respondeu:
- É meu filho, ano que vem vou ter que mudar do meu quarto!
Depois de um silêncio reverencial, Olavo Romano voltou à Dona Geralda:
- Dona Geralda, o que que a Senhora pensa em colocar mais aqui no presépio no ano que vem?
- Ah, tem umas luzinhas que piscam, eu queria colocar umas aqui no teto!
- Então a Senhora pensa em colocar umas luzinhas aqui em cima como estrelas e fazer um céu?!
Dona Geralda se espantou, e com um semblante materno virou-se e falou:
- Céu!? Quê que é isso meu filho, Deus me livre; céu aqui, só o firmamento...
O presépio de Dona Geralda foi construído e movido pelo mesmo espírito que São Francisco de Assis criou, no século XIII, o primeiro presépio: reverenciar e adorar a vinda do Menino Jesus. Dona Geralda doou sua casa e seu quarto para construção de um presépio, para algo maior e, como os Três Reis Magos, muitos vieram trazer suas oferendas ao Jesus Cristinho.
Ganhou coisas simples de uma gente simples, fez uma linda obra, que encanta e toca os corações daqueles que ainda acreditam nas coisas deste mundo. É um resgate da tradição, no princípio ordenador da vinda de Cristo, uma lição de amor. Está lá, no interior de Minas, mas universal, iluminado. Tudo que está nele foi doado, de coração. É um centro armazenador da devoção humana.
O Natal dos presépios é um Natal que remonta um cenário cristão, de doação, fé e reverência. Contrário ao Natal do Papai Noel. O Papai Noel é uma personagem criada pela Coca-Cola em 1931, por isso traz suas cores encarnadas, o vermelho e o branco. É um agente descristianizador, patrocinado em todo mundo para apagar a verdadeira imagem do aniversariante, o Menino Jesus. Jesus veio ao mundo como o Filho do Pai, em forma de criança. O Papai Noel diz ser o papai de todas as crianças. Meu Deus, onde esta figura foi colocada.
Sua barriga sugere a gula; o saco cheio, a esnobação; e a sua risada ironiza àqueles que não podem ser seus escolhidos. É uma fraude ao verdadeiro espírito natalino. Cristo nasceu enquanto seus pais viajavam em lombo de mula, mesmo assim entrou na casa de todos. Papai Noel viaja em um lindo trenó puxado por renas e visita a casa de poucos, muito poucos.
Falar que Papai Noel é uma alusão a São Nicolau é uma heresia. São Nicolau era um santo homem, nasceu em 270 e morreu em 342, aos 71 anos. “Fez o bem, sem olhar a quem”. Fundou orfanato, saciou a fome dos pobres, protegeu marinheiros, ladrões e mendigos. Viveu sobre a égide da caridade. Foi perseguido e preso pelos Romanos. Por seu amor ao seu semelhante, tornou-se Santo.
Papai Noel foi criado e financiado por uma empresa multinacional, vive no pólo norte, distante de todas as crianças do mundo e no Natal sai presenteando àqueles que podem comprar sua visita. Não tem pai, mãe, filhos ou amigos. Não posso acreditar nele! É, no máximo, uma paródia de muito mau gosto do nosso santo protetor.
Enquanto escrevo este artigo, acredito que o presépio de Dona Geralda tenha recebido uma nova oferta. Talvez, um anjinho de barro, uma pedrinha reluzente, ou quem sabe até, um Menino Jesus de madeira. Como estou cá, distante dele, deposito nele este texto, esta oferenda ao Menino Jesus, ao Jesus Cristinho - tão lindo, tão menino e tão amado... Que Deus abençoe Dona Geralda, Olavo Romano e todo aquele que vive o Natal dentro e fora, o Natal do criador, do nascimento à manjedoura, o Natal natalino, sem outras palavras: Com a Graça de Deus!!!
Petrônio Souza Gonçalves é escritor e jornalista
http://www.petroniosouzagoncalvs.blogspot.com/
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
A ABRHAGI está de luto: faleceu Dom José Coutinho
A Academia Brasileira de Hagiologia - ABRHAGI, sediada em Fortaleza (CE), está de luto. Faleceu o seu presidente de honra, Dom José Bezerra Coutinho. Hojé, 13/11/2008, será celebrado o sétimo dia de sua partida a Casa do Pai.
Dom Coutinho era o mais velho do episcopado brasileiro. Era Bispo Emérito de Estância, Sergipe, e completaria 99 anos no próximo dia 9 de fevereiro.
Dom Coutinho foi ordenado Presbítero dia 03/12/1933 e recebeu a Ordenação Episcopal dia 02/02/1954. Foi uma intensa e rica vida de amor e doação.
Requiescat in Pace Domini!
Dom Coutinho era o mais velho do episcopado brasileiro. Era Bispo Emérito de Estância, Sergipe, e completaria 99 anos no próximo dia 9 de fevereiro.
Dom Coutinho foi ordenado Presbítero dia 03/12/1933 e recebeu a Ordenação Episcopal dia 02/02/1954. Foi uma intensa e rica vida de amor e doação.
Requiescat in Pace Domini!
Dom Coutinho: abençoado de Deus
O grande educador e cronista Rubem Alves diz que procurou uma imagem que representasse a velhice e que fosse, ao mesmo tempo, bela, havendo encontrado esta linda e inspiradora simbologia no pôr-do-sol, no crepúsculo. Neste período crepuscular, diz Alves, a consciência da morte nos torna sábios. É quando tomamos consciência das coisas que são realmente importantes para nós.
Há uma semana Dom José Bezerra Coutinho faleceu. O velório ocorreu na capela construída por ele, a de São José, no bairro Papicu, atrás do Hospital Geral de Fortaleza. O sepultamento, na cripta da Catedral de Fortaleza, precedido de Missa na Catedral presidida pelo arcebispo metropolitano, Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, concelebrada por outros cinco bispos e sacerdotes, com a participação de tantos amigos e admiradores de Dom Coutinho, trouxe emoção aos que se despediam do grande bispo.
O caixão foi conduzido até a cripta por padres, em procissão, levando Dom Coutinho à sua última morada, com cânticos em latim, constatando-se aqui ou acolá um soluço de saudade, uma lágrima correndo de olhos que não mais veriam o santo homem, com sua trajetória dedicada à causa de Deus.
Alguns dias depois, um amigo, vendo-me entristecido, perguntou-me qual a idade do bispo e eu lhe respondi que era novo: 98 anos! O amigo achou que eu brincava, mas, não. Dom Coutinho não era velho. Era jovem em suas atitudes, em sua vontade de viver e fazer o bem, praticar a caridade, em seu amor ao Criador.
Até bem pouco, mantinha agenda difícil de ser acompanhada por outra pessoa. Conduzia a capelania do Hospital Geral de Fortaleza, levando conforto espiritual a todos os internos naquele hospital e aos seus parentes; celebrava na Capela de São José; assumia suas funções de Vigário Geral da Arquidiocese de Fortaleza; brindava-nos com sua sabedoria nas reuniões mensais da Academia Brasileira de Hagiologia, da qual foi o grande incentivador e primeiro Presidente de Honra. A nada lhe faltava tempo. Estava sempre feliz, sorridente, pois, em Deus, achava sua felicidade, seu contentamento.
A Escritura Sagrada diz que Deus fez o homem reto e Dom José Coutinho, desde sua infância vivida em Capistrano, Independência, Crateús e Sobral, à juventude, passada nos estudos no Seminário, preparando-se para o sacerdócio, e até à maturidade, cumprida entre o sacerdócio e episcopado, não abandonou a retidão. Em todas suas atitudes, fosse enquanto estudante; sacerdote ou bispo; observamos que Dom Coutinho, foi um homem reto, íntegro.
Dom Coutinho incorporou aquele versículo de Deuteronômio (28,8): “O Senhor mandará que a bênção esteja contigo nos teus celeiros, e em tudo o que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que te der o Senhor teu Deus”.
Foi um homem abençoado e irradiou bênçãos por onde passou. No dia em que o Calendário da Igreja Católica celebra a Memória Litúrgica de três de seus grandes bispos que alcançaram a santidade: São Wilibrordo, São Prosdócimo, Santo Enguelberto, Deus chamou para junto de Si, Dom José Coutinho. Recordando as confortantes palavras do Frei Francisco Lopes, a mim dirigidas em relação ao amado pastor, Dom Coutinho foi premiado com a coroa da glória do Justo Juiz, após ouvir do Pai: “vem servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor!”
Até mesmo os santos celebrados no dia de seu retorno à Casa do Pai, refletem sua vida, sua trajetória, senão vejamos:
São Wilibrordo, primeiro bispo de Frísia, aclamado o “Apóstolo dos Frisões”. Faleceu com idade bem avançada e sua festa, ocorre em 7 de novembro, data de sua morte, sendo uma das mais celebradas em toda a Holanda.
São Prosdócimo, bispo italiano, morreu naturalmente, carregado de merecimentos e de idade. O seu culto ainda é vigoroso, sendo venerado pelos fiéis, que rezam por sua paternal intercessão nas situações de aflição e desânimo. A Igreja confirmou a sua celebração e, no calendário litúrgico, são Prosdócimo deve ser homenageado no dia 7 de novembro.
Santo Enguelberto. Sagrado bispo de Colônia. Durante seu mandato, as portas do palácio do arcebispado estiveram sempre abertas à população acorria constantemente ao bispo nas mais variadas situações.
Dom José Bezerra Coutinho era ainda muito jovem. Fez muito, desempenhou a contento todos os encargos a ele confiados, multiplicou os talentos e “recebeu a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação” (Salmo 24,5).
Lembro-me de uma tão linda demonstração de sua fé a uma amiga comum que lhe perguntara se ele acreditava na vida eterna e Dom Coutinho, sem titubear, em sua sabedoria adquirida com o passar dos anos, afirmou que sim. Era a certeza maior que o acompanhava. Sua fé inquebrantável não fraquejou e temos nele mais um santo a interceder por nós na glória de Deus. Isto nos conforta nessa sua despedida.
José Luís Lira (Da Academia Brasileira de Hagiologia)
Há uma semana Dom José Bezerra Coutinho faleceu. O velório ocorreu na capela construída por ele, a de São José, no bairro Papicu, atrás do Hospital Geral de Fortaleza. O sepultamento, na cripta da Catedral de Fortaleza, precedido de Missa na Catedral presidida pelo arcebispo metropolitano, Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, concelebrada por outros cinco bispos e sacerdotes, com a participação de tantos amigos e admiradores de Dom Coutinho, trouxe emoção aos que se despediam do grande bispo.
O caixão foi conduzido até a cripta por padres, em procissão, levando Dom Coutinho à sua última morada, com cânticos em latim, constatando-se aqui ou acolá um soluço de saudade, uma lágrima correndo de olhos que não mais veriam o santo homem, com sua trajetória dedicada à causa de Deus.
Alguns dias depois, um amigo, vendo-me entristecido, perguntou-me qual a idade do bispo e eu lhe respondi que era novo: 98 anos! O amigo achou que eu brincava, mas, não. Dom Coutinho não era velho. Era jovem em suas atitudes, em sua vontade de viver e fazer o bem, praticar a caridade, em seu amor ao Criador.
Até bem pouco, mantinha agenda difícil de ser acompanhada por outra pessoa. Conduzia a capelania do Hospital Geral de Fortaleza, levando conforto espiritual a todos os internos naquele hospital e aos seus parentes; celebrava na Capela de São José; assumia suas funções de Vigário Geral da Arquidiocese de Fortaleza; brindava-nos com sua sabedoria nas reuniões mensais da Academia Brasileira de Hagiologia, da qual foi o grande incentivador e primeiro Presidente de Honra. A nada lhe faltava tempo. Estava sempre feliz, sorridente, pois, em Deus, achava sua felicidade, seu contentamento.
A Escritura Sagrada diz que Deus fez o homem reto e Dom José Coutinho, desde sua infância vivida em Capistrano, Independência, Crateús e Sobral, à juventude, passada nos estudos no Seminário, preparando-se para o sacerdócio, e até à maturidade, cumprida entre o sacerdócio e episcopado, não abandonou a retidão. Em todas suas atitudes, fosse enquanto estudante; sacerdote ou bispo; observamos que Dom Coutinho, foi um homem reto, íntegro.
Dom Coutinho incorporou aquele versículo de Deuteronômio (28,8): “O Senhor mandará que a bênção esteja contigo nos teus celeiros, e em tudo o que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que te der o Senhor teu Deus”.
Foi um homem abençoado e irradiou bênçãos por onde passou. No dia em que o Calendário da Igreja Católica celebra a Memória Litúrgica de três de seus grandes bispos que alcançaram a santidade: São Wilibrordo, São Prosdócimo, Santo Enguelberto, Deus chamou para junto de Si, Dom José Coutinho. Recordando as confortantes palavras do Frei Francisco Lopes, a mim dirigidas em relação ao amado pastor, Dom Coutinho foi premiado com a coroa da glória do Justo Juiz, após ouvir do Pai: “vem servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor!”
Até mesmo os santos celebrados no dia de seu retorno à Casa do Pai, refletem sua vida, sua trajetória, senão vejamos:
São Wilibrordo, primeiro bispo de Frísia, aclamado o “Apóstolo dos Frisões”. Faleceu com idade bem avançada e sua festa, ocorre em 7 de novembro, data de sua morte, sendo uma das mais celebradas em toda a Holanda.
São Prosdócimo, bispo italiano, morreu naturalmente, carregado de merecimentos e de idade. O seu culto ainda é vigoroso, sendo venerado pelos fiéis, que rezam por sua paternal intercessão nas situações de aflição e desânimo. A Igreja confirmou a sua celebração e, no calendário litúrgico, são Prosdócimo deve ser homenageado no dia 7 de novembro.
Santo Enguelberto. Sagrado bispo de Colônia. Durante seu mandato, as portas do palácio do arcebispado estiveram sempre abertas à população acorria constantemente ao bispo nas mais variadas situações.
Dom José Bezerra Coutinho era ainda muito jovem. Fez muito, desempenhou a contento todos os encargos a ele confiados, multiplicou os talentos e “recebeu a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação” (Salmo 24,5).
Lembro-me de uma tão linda demonstração de sua fé a uma amiga comum que lhe perguntara se ele acreditava na vida eterna e Dom Coutinho, sem titubear, em sua sabedoria adquirida com o passar dos anos, afirmou que sim. Era a certeza maior que o acompanhava. Sua fé inquebrantável não fraquejou e temos nele mais um santo a interceder por nós na glória de Deus. Isto nos conforta nessa sua despedida.
José Luís Lira (Da Academia Brasileira de Hagiologia)
Assinar:
Postagens (Atom)